Ter - Um pouco do que aprendi na era Zico
23/03/2010 16:29
Zico, o melhor em Tóquio, recebe a chave Toyota. No alto, o cabeludo sou eu
“Se preciso, Zico batia 50 faltas nos treinos”.
(Vanderlei Luxemburgo, ex-companheiro de Zico no Flamengo)
A lembrança de Vanderlei Luxemburgo numa das muitas matérias que fiz sobre Zico mostra apenas um pouco do alto grau de profissionalismo do maior ídolo da história do Flamengo.
Sol escaldante e chuvinha chata não o levavam a voltar para o vestiário assim que os treinos terminavam. O Galinho fazia questão de exercitar sua pontaria e lá ficava chutando seguidamente. E se a maior estrela do time agia assim, os mais novos o imitavam e não tinham pressa de voltar para casa.
Como resultado de tanta dedicação, no início dos anos 80 o Flamengo formou uma equipe espetacular e se tornou campeão mundial Interclubes ao derrotar o Liverpool por 3 a 0, na grande final, em Tóquio.
Atitudes e vibrações irradiadas por aquele grande momento rubro-negro, é que me dão esperanças de que a reaproximação de Zico será benéfica em todos os sentidos. Embora não tenha qualquer obrigação com o futebol profissional, naturalmente ele dará conselhos importantes ao Andrade, outro profissional exemplar daquela época e que iniciou sua carreira de treinador quando Zico montou o time do CFZ.
Só que a atual realidade no mundo do futebol é bem diferente. Uma pena.
Mas alguma coisa pode ser resgatada daquela época, ocasião em que os jogadores de origem humilde ao extremo, criados em favelas como Adílio, por exemplo, tinham outra formação: a violência não estava tão banalizada como agora e era mais fácil se diferenciar o bem do mal.
Quem vinha do interior, também desacostumado ao ambiente de hotéis luxuosos, tipo cinco estrelas, onde a delegação rubro-negra se hospedava nas viagens, aprendiam com Zico, Júnior, Leandro e Rondinelli, entre outros, desde a roupa que deveriam usar ao saírem dos quartos até o talher que deveria ser usados em determinados pratos.
Em Tóquio, por exemplo, na conquista do Mundial Interclube, o novato Peu, 21 anos, recém-chegado de Maceió, era acompanhado de perto pelos mais experientes. Claro que muitas vezes o alagoano também se tornou vítima das brincadeiras dos craques. Mas brincadeiras inocentes. E em muitas delas, ele mesmo fingia acreditar tornando o ambiente descontraído ao extremo e maravilhoso.Quanta coisa pude aprender.
Sei que Zico não estará mergulhado no futebol rubro-negro. Mas acredito que basta ele estar por perto para as coisas melhorarem. E, quem sabe num curto espaço de tempo, o flamenguista voltará a bater no peito e lembrar a velha frase: “Craque o Flamengo faz em casa”.
Fonte>Blog do Maria
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